O autoconhecimento
Desde o dia em que nascemos, e passando pelos primeiros contatos que tivemos com as primeiras pessoas com quem a gente viveu no início da nossa vida; a gente foi conhecendo o mundo a nossa volta.
Descobrimos o nosso corpo, começamos a ver usar os nossos sentidos. Depois aprendemos a enxergar o mundo através dos primeiros contatos com pessoas que tivemos. O jeito de falar, de agir; tudo aprendido por imitação e pelo ensinamento dessas pessoas.
Mas em algum momento dos nossos primeiros anos passamos a separar o que era o “eu”, individuo, do que eram as outras pessoas e coisas.
O que as outras pessoas sentiam, não era necessariamente o que a gente sentia. Passamos a começar a separar o “eu” do “outro”.
E aqui a gente chega o ponto sobre o “Autoconhecimento”.
O que é o autoconhecimento?
Tomar uma palavra ou um termo, sem antes procurar um dicionário de cara; e separar por sílabas pode ser um caminho para pensar sobre possíveis significados.
No caso aqui autoconhecimento ficaria: “au-to-co-nhe-ci-men-to”. Nele encontramos duas palavras “auto” e “conhecimento”.
Separando o prefixo Auto, que remeta “si mesmo” ou “próprio”, como os auto-móveis (“movidos por conta própria”). E o Conhecimento, que remete a “conhecer”.
Logo, seria conhecer a si mesmo?
Por mais que esse termo pareça simples e fácil de encontrar o significado, temos que valorizar a pesquisa mais a fundo sobre o tema para entender melhor como funciona e talvez com esse conhecimento podemos encontrar ajuda nessa reflexão.
Na visão de Sócrates
Sobre o mesmo ponto, o filósofo Sócrates considerava que uma pessoa só seria capaz de falar sobre si mesma, se ela antes conhecesse ela mesma.
E indo para além, ele entendia que o esse “conhecer a ti mesmo” (que ele retirou esta frase de um escrito no templo do oráculo de Delfos) era de certa forma, um processo que necessitava do outro.
Pelo método da “maêutica”, desenvolvido por ele, uma pessoa era questionada e através do questionamento recebido iria conhecendo suas contradições por meio de suas respostas e assim iria si conhecendo.
Na visão de Santo Agostinho
Essa visão de autoconhecimento é diferente da que muitos tem hoje. Hoje usasse muito o meio “introspectivo” onde a pessoa sozinha tendo acesso aos próprios pensamentos, consegue si conhecer.
Muitos consideram que essa visão teve seu início ou sua propagação a partir do escrito de santo Agostinho, “Confissões”; e de outros filósofos e pensadores da época.
Eles passaram a fazer esse movimento de conhecer-se, questionar-se e por conta própria, sem necessitar tanto do contato com outras pessoas conseguir conhecer a si mesmo.
As duas visões
Agora numa visão mais ampla dessas duas visões, cada uma delas tem seu valor nesse processo de autoconhecimento:
A pessoa de fora da gente, outras pessoas, pode nos ajudar a tentar ver os nossos comportamentos de outros ângulos, e até nos confortar.
E, ao mesmo tempo, nós nos questionando, vendo o que nos agrada e o que nos desagrada, nossas experiências, nosso progressos e nossas frustrações; podemos também nos conhecer. E quando junta-se essas duas visões, podemos melhor nos conhecer.
E aqui entra a psicoterapia.
Autoconhecimento e psicoterapia
O psicólogo, dentro do processo terapêutico, usa de diversos meios para levar a pessoa que esta sendo atendida, a questionar-se sobre os seus comportamentos, conceitos e pensamentos; além de contribuir para a análise da pessoa atendida em seus processos e dificuldades.
Nesse processo terapêutico ocorre algo semelhante ao que Sócrates propunha com a “maêutica”, onde as perguntas do outro podem me ajudar e me conhecer; isso pode variar de forma de acordo com a abordagem que o psicólogo usa durante as sessões.
E ao mesmo tempo esse profissional busca ajudar o cliente a realizar esses questionamentos para si mesmo, e ajudando, de certa forma, a desenvolver habilidades que possibilitem a pessoa a si cuidarem melhor e lhe darem melhor com os seus processos.
Os processos aqui, podem ser entendidos com a busca por resolver e lhe dar com os problemas que cada pessoa vai tendo na sua vida, um exemplo seria o lhe dar com a perda de alguém muito próximo e que pode ser muito difícil, ou o lhe dar com as mudanças que estão acontecendo.
Somos seres orgânicos…
Em nosso corpo existem, neste exato momento, vários processos que o mudam acontecendo.
Desde as renovações de nossas células (morte e nascimento de novas células), até a queda de nossos cabelos.
Além disso, podemos perceber no nosso jeito de agir, ou falar; ainda que tenha passado despercebido a mudança, nós não agimos da mesma forma que agíamos quando éramos crianças.
Podemos ter aumentado o nosso vocabulário, aprendido novas palavras, deixado de falar outras; podemos ter mudado de várias formas.
E considerando essas mudanças, tanto no nosso corpo e no nosso lado psicológico, precisamos continuar a nossa busca por si conhecer.
Essas mudanças em nós e também em nossas habilidades, aptidões, podem nos ajudar no momento em que vivemos agora.
Um dos motivos pra procurar rever como estamos agora, é que podemos acabar caindo na possibilidade de nos fechar a oportunidades que são boas para a gente pensando que não somos capazes.
E quando falamos de capacidades, com as novas habilidades que vamos conquistando com a nossa vida, ao mesmo tempo que vamos melhorando as nossas outras habilidades, podemos conseguir fazer hoje coisas que antes não conseguiríamos, ou até mesmo melhorar na execução de atividades que antes já fazíamos.
Mas, o problema é que quando a gente não presta a atenção nessas mudanças, podemos continuar achando que os nossos limites continuam os mesmos, e também continuar a considerar os “falsos limites” que achávamos que tínhamos.
Um exemplo de falso limite seria achar que nunca se conseguiria fazer uma coisa, que nunca si experimentou tentar fazer:
Uma pessoa gosta muito de ouvir música, e sonha em um dia conseguir escrever uma, mas sempre fala pra si mesma que nunca vai conseguir porque não tem capacidade pra isso, e nem tenta.
E um outro ponto com relação aos limites que colocamos para nós, sejam reais ou irreais, é o não persistir até conseguir fazer. Não procurar aprender, desenvolver as habilidades necessárias para conseguir realizar isso.
Diz a história que o criador da lâmpada elétrica falhou umas 100 vezes e na 101ª tentativa conseguiu. E aqui entra a Resiliência. A habilidade de contornar, superar as adversidades. Vamos falar sobre ela em um outro artigo.
Psicoterapia
Esse processo de rever o que consideramos como limitação para fazermos coisas que até queremos, e o processo de rever como estamos agora, em quê mudamos e o que melhoramos; esse processo de autoconhecimento pode ser facilitado pela psicoterapia.
Os profissionais da psicologia também atuam com a psicoterapia nesse auxílio no processo de autoconhecimento. Procurar um profissional da área pode te ajudar nos seus processos.
E para além de só si conhecer, pode te ajudar a si cuidar e até abrir a possibilidade superar essas limitações.
Importância de si conhecer
O autoconhecimento nos ajuda compreender melhor como nós funcionamos; quais são as nossas motivações, se os nossos pensamentos condizem com aquilo que praticamos; quais sãos as nossas fraquezas e fortalezas.
E como ele conhecemos melhor nas habilidades, capacidades e com essas informações podemos realizar escolhas mais assertivas na área profissional, no curso superior e em outras áreas. E aqui entra o campo da orientação vocacional, que já foi falado no artigo: “Posso te ajudar na sua escolha?“.
Quando nos conhecemos melhor e buscamos nos respeitar na nossa vida, podemos evitar quebrar muito a cabeça em escolhas que nos fazem mal. E para ajudar nesse processo vale a pena fazer terapia.
Eu sou Lucas, e sou psicólogo, precisando de ajuda pode entrar em contato comigo.
Leia também os artigos: “Envelhecer não é igual a adoecer“, “A música que não sai da cabeça” e “A cobrança talvez injusta“.
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