Depressão e os limites da saúde

Os temas relacionados a doenças mentais são geralmente delicados, pois existem diversos casos em que alguns sintomas podem surgir em diversas doenças de formas parecidas e em que o diagnóstico realizado de forma errada pode gerar mais problemas a curto, médio e longo prazo na vida das pessoas. Por isso cabe sempre o acompanhamento de profissionais da área de saúde mental como psicólogos e psiquiatras.
Abordando novamente o tema da doença Depressão, de uma forma mais simples, apesar de sua complexidade; neste artigo trabalharemos um pouco sobre a doença e os limites da saúde. Nela a pessoa passa a perder o ânimo e o sentido de executar as atividades que antes eram prazerosas e até mesmo o sentido de viver.
A depressão pode ser pensada como uma dificuldade de adaptação aos diversos problemas que estão acontecendo tanto internamente quanto em torno da pessoa com os seus sintomas, conforme C.G.Jung já abordou. É claro que existem fatores dentro dela de origem fisiológica, mas, não podemos descartar a influência multifatorial dentro dessa doença. Por isso é muito importante a psicoterapia no tratamento desta e de outras doenças e adoecimentos.
O psicólogo, devido ao seu estudo, possui as ferramentas, técnicas e conhecimentos para ajudar no tratamento, por isso o seu serviço é tão importante também nestes casos.
Adoecimento não percebido
Simbolicamente a pessoa com a depressão faz um movimento de introspecção, de voltar para si mesmo, e a partir de tal gesto, podemos pensar como uma busca de olhar pra dentro de si para buscar a solução. Não si trata de algo que seja sempre fácil de observar, tanto que muitas pessoas com sintomas depressivos não são percebidas.
Seja por causa da correria do dia a dia, ou pelo costume de considerar os comportamentos que seriam sintomas de depressão, como comportamentos normais, esses pontos e outros podem fazer com que as pessoas em volta não percebam o adoecimento de alguém, além também de não perceber o próprio adoecimento.
Pode ser que por conta do costume ruim de não observar os próprios comportamentos, de não escutar os próprios sentimentos as pessoas podem ignorar o próprio adoecimento até mesmo lutando pra reprimir eles quando o sofrimento interno passa a aumentar a voz.
Sobre essa repressão, a pessoa tende a evitar tocar nos assuntos relacionados ao que esta fazendo ela sofrer, pode passar a ser muito brincalhona por fora mas evitar de falar sobre os próprios sofrimentos, até mesmo lutando pra não expressar por meio das lágrimas perto das outras pessoas.
Aqui a gente pode recordar o que é chamado de “depressão sorridente” onde a pessoa por fora expressa uma alegria vazia e falta que mascara o sofrimento interno. Como diz na frase “se o palhaço faz todas as outras pessoas sorrirem, que faz o palhaço sorrir”.
O adoecimento nos filmes

Lembro aqui de um filme que fala de certa forma desse tema, “O palhaço“(2011)_filme brasileiro dirigido e protagonizado pelo famoso ator Selton Melo (que também fez o Chicó, em O Auto da Compadecida). Nele aborda a história de um rapaz que ajuda a administrar o circo de seu pai.
Os dois, pai e filho, além do serviço de administração atuam como palhaços do mesmo circo; e em seu papel de palhaço o filho apresenta um personagem alegre e feliz, mas quando passa para os bastidores do circo ele si revela um homem que esta perdendo o sentido de seu trabalho. A princípio, na trama, as pessoas a volta não percebiam o adoecimento dele, mas com o passar do tempo até a sua atuação como palhaço passou a revelar o seu sofrimento interno.
Caso você esteja passando por algo parecido, não recomendo muito ver este filme para evitar gatilhos emocionais, e recomendo que procure ajuda psicológica.
Quando os limites são ultrapassados
Ressalto que o olhar para dentro, para buscar alguma solução não se trata de algo sempre bonito e bom, que se pode fazer solitariamente.
Podemos pensar que o ato de buscar resolver os próprios problemas e dificuldades seja algo maduro, e que não falar possa evitar de trazer problemas pras outras pessoas; mas, com o surgimento dos sintomas da depressão, temos a sinalização de que os limites entre a atitude madura e saudável de tentar não ser tão dependente dos outros e passar para o início da perca da saúde, passando a não dar conta, logo, esse limite, foi ultrapassado e agora se precisa de buscar ajuda.
Talvez esses limites não sejam muito claros. Até porque os sintomas podem ser vistos pela própria pessoa como comportamento ou reação normal, deixando de lado a atenção a eles, e assim como um alarme que toca sinalizando que algo de errado aconteceu, a pessoa desliga-o.
Como já havia comentado em outro artigo, os sintomas são sinais, alarmes que nos mostra que algo precisa de atenção e quando ignoramos ou desprezamos, podemos correr o risco de que os problemas fiquem mais graves.
Buscar ajuda
Como não se trata de uma doença de início a curto prazo, com as dificuldades de adaptação já vem de muito tempo, e os diversos conflitos internos que essa pessoa carrega, podem ter acumulado ao ponto de desencadear o adoecimento. É muito importante a gente, nesse sentido, buscar ajuda.
Um profissional pode ajudar a entender o que levou ao adoeciemento e a cuidar. Pode ajudar no processo de adaptação e autocuidado que são importantes para a vida humana. Por isso não deixe de buscar ajuda, faça terapia.
E precisando de ajuda, pode entrar em contato comigo clicando aqui.

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