A arte como recurso terapêutico
É bem provável que você tenha ouvido alguma pessoa falar frases como: “música é uma terapia pra mim”, “pintar é uma terapia pra mim”, geralmente associando alguma atividade como uma terapia.
Bom, muitas atividades podem realmente funcionar como algum recurso que promove bem-estar ou minimiza alguns problemas. Consequentemente, as pessoas podem tender a chamar essas atividades de “terapêuticas” ou “terapia”.
Por um lado mais técnico, no entanto, não podemos dizer que todas as atividades são intrinsecamente terapêuticas, mas sim pela forma como são usadas.
As terapias são em si, atividades usadas com finalidade de promover melhora ou minimizar problemas ou danos e são conduzidas por profissionais com esse intuito. Por exemplo dentro da Fisoterapia, a atividade física ali indicada durante o tratamento e acompanhamento do fisoterapeuta é chamada terapia.
Com isso apresento dois pontos que vale a pena colocar:
- Não é porque uma atividade que não é orientada ou conduzida por um profissional da saúde, faz com que ela não tenha bom proveito pra saúde ou pro bem-estar, ainda que não seja tecnicamente considerada terapia.
- Tem atividades que podem não ser medicamentosas (usam remédios), mas que podem ser usadas como recursos terapêuticos por profissionais de saúde em seus tratamentos.
Recursos terapêuticos
Os recursos terapêuticos podem ser entendidos aqui como qualquer atividade ou conhecimento que seja aplicado, administrado com o intuito de contribuir para o tratamento.
Por exemplo, podemos pensar desde o uso de medicamentos orientados por médicos, passando pelas dietas recomendadas por nutricionistas, até a aplicação de jogos ou danças que ajudam nas coordenações motoras conduzidos por fisoterapeutas. Assim, todas essas atividades podem ser consideradas tecnicamente terapêuticas.
E dentro da psicologia não é diferente. Existem muitos tratamentos que aplicam atividades de arte como recurso terapêutico. Um exemplo é o uso de desenho e pintura no acompanhamento de crianças ou adultos; além disso, outros exemplos são o teatro, a confcção de máscaras ou esculturas como recurso.
Esses tipos de atividade com diveras formas de expressões criativas e artísticas, dá-se o nome de arteterapia.
Tratando com a Arte: A Revolução Humanitária de Nise da Silveira
A nível histórico, podemos lembrar da Doutora Nise da Silveira (Nise Magalhães da Silveira, 1905-1999) que usou a arteterapia no acompanhamento de pessoas com doenças mentais, aqui no Brasil. Ela foi uma Psiquiatra, e estudou a abordagem psicológica Psicologia Analítica, com o seu fundador, C.G. Jung, se tornando pioneira dos estudos desta abordagem psicológica no Brasil.
Nise da Silveira lutou contra as técnicas agressivas aplicadas nos tratamentos de saúde mental sendo pioneira na luta que hoje é conhecida como luta antimanicomial dentro do Brasil (termo que não existia na época dela).
Durante o seu segundo período de trabalho no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro (na déc. de 40), buscou trocar as técnicas violentas usadas no tratamentos dos internos do centro, por atividades ocupacionais assumindo a coornenação do serviço de terapia ocupacional (o que fez com que ela fosse reconhecida, também com uma das pioneiras na terapia ocupacional no Brasil).
Dentre as atividades realizadas por ela no Centro Psiquiátrico. incluiu o uso da arteterapia nos tratamentos, criando ateliês onde os internos poderiam se expressar artisticamente. E em 1952, fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, (no Rio de Janeiro) onde se dedicavam ao estudo, pesquisa e preservação dos trabalhos realizados nos ateliês frequentados por seus pacientes.
Logo, Nise da Silveira tornou-se referencia histórica no Brasil e no mundo devido ao seu empenho no trabalho de atendimento humanizado dentro da área da psiquiatria, psicologia e terapia ocupacional.
A Arteterapia em uso
Voltando a arteterapia, ela contribui para ajudar a dar uma nova percepção para as questões que nos levam a buscar o tratamento psicoterapêutico (procurar o psicólogo), dentro das diversar formas de atuação nesse tratamento, o seu fim será sempre o apoio para o tratamento.
Além disso, a forma de trabalhar a Arteterapia dentro dos serviços de psicoterapia podem variar de acordo com a abordagem psicológica utilizada pelo terapêutica. Por exemplo, o objetivo pode variar de entre a artetrapia dentro da Psicologia Analítica para a Terapia Cognitiva Comportamental.
O uso de recursos artísticos expressívos, além desenvolver a criatividade, abre portas para o auto-conhecimento e para o desenvolvimento da sensibilidade.
Além do desenvolvimento das habilidades motoras usadas para a realização das atividades artísticas, a pessoa pode entrar em contato com emoções, lembranças que podem ter a sua relação as questões que precisam ser trabalhadas durante a psicoterapia, tornando a arte como auxiliar para o acompanhamento psicológico.
Como foi dito anteriormente, essa forma de olhara a arteterapia varia por abordagem psicológica.
Para além da Arteterapia
Assim como a arteterapia, existem diversos outros recursos que podem ser usados nos tratamentos, mas tecnicamente tais recusos não resolvem em si os problemas sozinhos, eles precisam serem aplicados dentro de um acompanhamento clínico que possa olhar todo o contexto da pessoa durante esse tratamento e assim ser usado ou parado quando necessário.
Dependendo do caso, alguns recusos podem atrapalhar o tratamento das pessoas, e para avalizar isso melhor é bom o acompanhamento do profissional especializado, para que não haja piora no caso.
Por isso recomendo, procure ajuda profissional também.
Precisado de ajuda, pode entrar em contato comigo. Link para contato.
Imagens
Capa: Foto de Zaksheuskaya | Disponível em Pixels
Foto 01: Foto de Yan Krukau | Disponível em Pixels
Foto 02: Foto de Lucas de Oliveira Barbosa | Acervo Pessoal
Foto 03: Foto de Lucas de Oliveira Barbosa | Acervo Pessoal
Confira também os artigos: E quando não dá mais pra adaptar | Trabalho e Saúde: Quando o excesso se torna um risco e Adoecimento e visão distorcida do mundo